4 de julho de 2010

Triste e mórbido, fim

Meu sangue jorra pelos meus olhos, assim como, a nojenta gosma preta, que sai da minha boca. Meus ouvidos encontram-se ensurdecidos. Já não sinto, sequer, o mau cheiro de minhas feridas abertas, que no momento estão expostas a qualquer mosca, que aprecie uma carne vermelha.
Sinto. Ou melhor. Posso perceber que meus ossos estão frágeis. Alguns já quebrados. Não sei como me sustento quase ajoelhado. Meu corpo tende para frente. Quase beijo o chão, úmido e frio.
Tenho vontade de cortar meus cabelos. Raspar minhas sobrancelhas. De rasgar a pele que envolve meu braço, para poder ver de perto, a veia que ainda pulsa aqui.
Meus batimentos então lentos. Nem sei se ainda vivo.
Agora, o que eu queria mesmo, é ver-te despir-se. Precisava, pelo menos uma vez, ver-te como veio ao mundo. Queria poder sentir teu corpo em minhas mãos. Ter a sensação que a tive de alguma forma.
Preciso calar-me. Preciso entregar-me ao desespero de uma alma que clama pela misericórdia. Quero viver pra te ter, mas preciso entregar-me. Preciso dizer adeus.
O que ainda resta de mim, pede socorro. Os pedaços de meu coração partido, já sentem sua falta. Preciso dizer adeus. Já não agüento mais. Já não posso suportar os urubus comendo-me vivo. Tornei-me a carniça, que sempre julguei imunda e de olfato duvidoso. Tornei-me tudo aquilo que sempre repreendi. Tornei-me então, algo morto. Transformei-me sem querer.

Minhas escolhas não foram as melhores. Minhas intenções salvavam apenas a mim. Hoje estou aqui. Só. Despedaçado. Horrivelmente desesperado. Hoje sou apenas, uma carcaça podre e apaixonada.