1 de julho de 2010

Ruth

Como um estouro, vivia Ruth. Tatuada, desregrada, era ela. Mulher firme, de atitude. Assim que a viam. Como uma guerreira, como uma amante da vida. Como alguém que não conhecia vírgulas. A viam como "a mulher fatal".

Ruth era tachada, limitada pelo pensamento dos outros. Acreditavam que ela era dura o suficiente para agüentar os cuspidos em sua cara. Achavam que Ruth era uma mulher sem escrúpulos. Todos os homens caíam sobre ela, como urubus em torno à carniça. Viam-na como a mulher do botequim. Como a garota que escolhera a vida fácil, como a garota que não tinha pai nem mãe. Viam-na como alguém que escolhera as coisas erradas da vida.

Mal sabiam os tolos, que Ruth, a mulher fatal, ultrapassava suas expectativas. Ruth era muito mais. Ela era tensa e intensa. Vivia como sua vontade. Vivia de atitudes e não de palavras. Ruth voava. Era livre. Era muito mais do que a tatuada de vida desregrada. Era Ruth, a mulher sem limites.

Desde a adolescência ela resolvera viver assim. Como um estouro. Como um raio. Decidiu cedo o que queria ser. Decidiu então, que seria uma mulher infinitivamente orgulhosa. Uma mulher decidida, intensa, e difícil.

Ruth era assim. Livre como a fumaça de seu cigarro. Intensa como a música que ouvia. E doída, como as tatuagens que fazia. Ruth. Linda e doce. Ruth.