10 de março de 2017

Transe
e transição,
no automático
sem reação.
Sem consciência
real das coisas,
mudo
- mesmo estática -
de uma forma
pra outra.



28 de novembro de 2016

Como o céu eu quero ser

Quero ser como o céu
e me reinventar todos os dias;
pra poder acordar pela manhã
e escolher contar uma nova história.
Quero ser como o céu
pra me redescobrir pleno,
depois das tempestades.
Quero ser como o céu
pra ver as nuvens passarem
e me confortar
com a infinidade das estrelas.
Quero ser como o céu
pra ser uma gama de cores,
pra me recombinar a casa estação
e pra ser caminho
dos que voam livremente.

5 de setembro de 2016

Dirigindo

Eu tirei o carro da garagem como quem tira o time de campo sem nenhuma aparente intensão que não seja sair; fugir; ir pra longe. Engatei a marcha ré como quem analisa o histórico de incertezas e decide recomeçar. Olhei pros lados, ajeitei o retrovisor e acelerei até o fim da rua. Desviei de buracos, parei nas esquinas e respeitei a sinalização que alerta pros perigos da estrada, sobretudo sai; fugi; estou bem longe. Longe da partida, e até mesmo da chegada. Vivo acelerando e reduzindo as marchas pra fugir da fiscalização eletrônica da vida alheia e continuo dirigindo, sorrindo, me divertindo pelas estradas do viver.

2 de julho de 2016

Releitura diária

Noutro dia me peguei lendo meus textos antigos numa devoção abstrata e incógnita do consciente. Foi bom me reler. É assim que tenho reaprendido sobre mim, é como resgato minh’alma, minha essência e pragmática depois de ter-me imundado do mundo automático, da rotina e do existir. É bom reler-me de tempos em tempos. É assim que retomo as forças, o fôlego e o ego que foi ferido pela cultura do tanto faz. Esses outros dias que não me leio são infindos, vazios, me tomam o sentir. Estranho essa coisa de nos desconectarmos de nós mesmos, como se não tivéssemos o controle dos nossos sentimentos e das nossas ações que até então vivem sendo repetidas e repetidas e repetidas feito aquela cena clássica do Revolução Industrial. O saco fica tão cheio que no momento que a gente se percebe sozinho no nosso quartinho, a gente chora. Chora pra ver se sente, se arrepia e se dá sentido a existência. Por isso é sempre bom reler, rever, rejuntar a estrutura do eu-lírico, respirar fundo e reler de novo pra aguentar tudo de novo por mais um tempo.

2 de maio de 2016

Infinitas possibilidades do verbo

Ei!
Lembra de mim?
Fui eu quem te descobriu
fui eu quem te viu e sorriu
frente ao espelho.
Não consegue lembrar?
Sou aquela menina
do "perguntas sem respostas"
do "quem é o dono do tempo?"
do "reguei" e do "ser nuvem".
É, ainda sou aquela menina,
cheia de sonhos
com a tatuagem torta.
Pois é, ainda não conjuguei
as infinitas possibilidades do verbo.
O tempo passou
e eu ainda nem tudo descobri.
E isso é ótimo!