2 de agosto de 2015

Libertação de vários eu's

Morar sozinho é uma experiência incrível. Tumultuada. Quieta. Feita de pólos.

As vezes, enquanto espero o  arroz cozinhar na panela elétrica, penso na vida. Sinto saudade da comida da mamãe. Sinto vontade de chorar. Jogo no aplicativo para celular. E outro dia, li. Li um conto do CFA. Um lindo conto por sinal.

As vezes fecho a porta do banheiro enquanto tomo banho. Noutra saio sem roupa, molhando o apê-sala-quarto-cozinha todo, o que não é difícil, já que é pequeno, mas suficiente para essa minha empreitada desajeitada, tímida e necessária.

Aprendi a ligar o forno do fogão e a comprar comida fácil que sai do freezer direto para assadeira. Como bem. Acho. Tá, é mentira.

Moro sozinha há uns meses. Já me senti solitária. Já me senti mega feliz pensando na missão a que me confiaram. Me sinto realizada quando ele vem me visitar.

São muitas inquietações. A louça se acumula. A vassoura quase não é usada. A comida não surge na panela. A cama não se arruma sozinha. Mas as verdades veem a tona. Os eu's interiores se expelem pelos poros. Libertam-se. Assustam-se. Cada dia é uma descoberta.