A.

Não me lembro como eram nossas tardes na escola. Não me lembro de como nos conhecemos ou sequer de como éramos tão amigas. A única coisa que sei, é que hoje me deparo com recordações, que sequer me lembro. A única coisa que sei, é que nossas vidas tomaram rumos muito diferentes. E que não somos mais as menininhas caipiras, de dez anos atrás.
É estranho te ver assim. Tão distante e diferente, do que me tornei.
É estranho perceber que tudo poderia ser diferente. Por uma escolha. Ou simplesmente, pelo destino.
Destino esse que nos fez distantes. E talvez tenha me induzido a rever-te em fotos e lembrar-me de você.
Também é estranho estar aqui descrevendo algo que nem sequer conheço. Porque não te conheço. Mas imagino como sejas.
Talvez aquela perda tenha lhe deixado sem um chão. Ou talvez tenha lhe dado uma nova visão do mundo. Não sei. Há muitas possibilidades.
Sabe, eu não me conheço. Descubro-me.
Talvez eu tenha medo de que me aconteça, o que lhe aconteceu. Não aquela perda. Pois afinal, é a lei da vida. Mas essa nova vida que surgiu de ti.
Eu não seria capaz. Eu não teria a capacidade de enfrentamento (talvez!). Eu ainda não quero isso pra mim. E que não me aconteça!

Eu conheci a Deus. E você?
Eu sou feliz. E você?

Mas uma vez, não te conheço.
Você é muito diferente de mim. Ou talvez não.

"Lhe quero bem, mesmo não sabendo quem!"