
No exato momento, Natacha não conseguia sequer olhar no espelho. Sentia-se envergonhada de si mesma. Tinha ânsia quando olhava a própria imagem. Uma figura desgastada, fraca, trágica, acabada. Transformara-se em um "morto-vivo". Parecia mais um cadáver, do que uma garota de apenas quatorze anos.
Ao ver-se naquela situação, começou a lembrar-se de tudo que acontecera, até o momento. Vira um filme de sua vida. Uma infância trágica. Uma família desestruturada.
Natacha lembrou-se dos dias "quase" perfeitos que tivera, anos atrás. Lembra-se de como era "quase" feliz, quando morava com seus avós no interior. Lembra-se nos dias nublados que passara no quintal da simples casa, brincando com seu Lavrador. Um animal dócil e confiável, a quem lhe confiava à vida.
De repente, vê-se como uma quarta pessoa na cena que já presenciara. Vira-se então, atrás da porta, atenta; parada; com o respirar intenso. Ouvia gritos. Palavras que sequer conhecia o significado. O tom de voz aumentava cada vez mais. Sentia medo. Seu coração permanecia num ritmo frenético. Abriu então a porta. Presenciou um trágico momento. Sua mãe sangrava, seu nariz entortara com a força de um soco, dado por seu pai. Entrou em desespero.
[...]
Sua mente estava confusa. Eram muitos pensamentos ao mesmo tempo. Uns "quase" perfeitos, outros um tanto que dramáticos.
Torna-se um turbilhão de idéias. Vultos de pensamentos. Vultos de dores e desamores.
Torna a lembrar-se. Vê-se agora no início de seu namoro, aos onze anos de idade. Toma a consciência de que se relacionara muito nova. Ainda por cima, com um garoto oito anos mais velho.
Lembra de como era "quase" feliz. Lembra dos bombons e dos arranjos de flores que recebera nos primeiros dois meses.
Lembra-se de sua primeira noite com ele. No começo recusara, sentia-se muito nova pra avançar daquela maneira. Mas ele fora tão carinhoso que a deixara tão segura de si e com uma vontade tremenda se entregar, que aconteceu. Depois disso, as noites tornaram-se freqüentes. Ela já descobrira como levá-lo ao "topo" da relação.
Com quase um ano de namoro, ele já estava cansando-se dela. No começo era uma maravilha. Uma garotinha virgem, pura, intocada. Que como um passe de mágica, tornara-se tua. Mas depois de um tempo, vira que "tinha" de conquistar mais.
Começaram as brigas. Que no fim, acabavam sempre dormindo juntos (no começo). Depois de um tempo, essas noites de prazer tornaram-se socos e tapas na cara. O namoro se desgastou tanto, que nem Natacha tinha mais vontade de lutar por ele.
[...]
Agora se encontra com uma tesoura nas mãos. Chora intensamente. Pensa. Refleti.
Lembra-se então de como conheceu as drogas e a bebida. Vê-se caída no chão. Inoperante.
[...]
Sente-se cada vez mais suja, impura. Decide mudar. Corta o cabelo os cabelos ruivos, que davam inveja a qualquer garota. Liberta-se. Cada mecha é uma página de um livro que ela não quer mais escrever. Decide rasgá-lo. Decide jogar tudo que já escrevera fora, para escrever uma nova história.
Já com os cabelos cortados e a cara toda amassada, olha no espelho. Vê-se decidida a acabar com tudo aquilo. Vê uma nova Natacha aparecendo através da maquiagem borrada. Vê-se descobrindo de novo.
Agora já não é mais a mesma. Ou melhor, é a mesma garotinha, mas com uma nova faceta.
Ao ver-se naquela situação, começou a lembrar-se de tudo que acontecera, até o momento. Vira um filme de sua vida. Uma infância trágica. Uma família desestruturada.
Natacha lembrou-se dos dias "quase" perfeitos que tivera, anos atrás. Lembra-se de como era "quase" feliz, quando morava com seus avós no interior. Lembra-se nos dias nublados que passara no quintal da simples casa, brincando com seu Lavrador. Um animal dócil e confiável, a quem lhe confiava à vida.
De repente, vê-se como uma quarta pessoa na cena que já presenciara. Vira-se então, atrás da porta, atenta; parada; com o respirar intenso. Ouvia gritos. Palavras que sequer conhecia o significado. O tom de voz aumentava cada vez mais. Sentia medo. Seu coração permanecia num ritmo frenético. Abriu então a porta. Presenciou um trágico momento. Sua mãe sangrava, seu nariz entortara com a força de um soco, dado por seu pai. Entrou em desespero.
[...]
Sua mente estava confusa. Eram muitos pensamentos ao mesmo tempo. Uns "quase" perfeitos, outros um tanto que dramáticos.
Torna-se um turbilhão de idéias. Vultos de pensamentos. Vultos de dores e desamores.
Torna a lembrar-se. Vê-se agora no início de seu namoro, aos onze anos de idade. Toma a consciência de que se relacionara muito nova. Ainda por cima, com um garoto oito anos mais velho.
Lembra de como era "quase" feliz. Lembra dos bombons e dos arranjos de flores que recebera nos primeiros dois meses.
Lembra-se de sua primeira noite com ele. No começo recusara, sentia-se muito nova pra avançar daquela maneira. Mas ele fora tão carinhoso que a deixara tão segura de si e com uma vontade tremenda se entregar, que aconteceu. Depois disso, as noites tornaram-se freqüentes. Ela já descobrira como levá-lo ao "topo" da relação.
Com quase um ano de namoro, ele já estava cansando-se dela. No começo era uma maravilha. Uma garotinha virgem, pura, intocada. Que como um passe de mágica, tornara-se tua. Mas depois de um tempo, vira que "tinha" de conquistar mais.
Começaram as brigas. Que no fim, acabavam sempre dormindo juntos (no começo). Depois de um tempo, essas noites de prazer tornaram-se socos e tapas na cara. O namoro se desgastou tanto, que nem Natacha tinha mais vontade de lutar por ele.
[...]
Agora se encontra com uma tesoura nas mãos. Chora intensamente. Pensa. Refleti.
Lembra-se então de como conheceu as drogas e a bebida. Vê-se caída no chão. Inoperante.
[...]
Sente-se cada vez mais suja, impura. Decide mudar. Corta o cabelo os cabelos ruivos, que davam inveja a qualquer garota. Liberta-se. Cada mecha é uma página de um livro que ela não quer mais escrever. Decide rasgá-lo. Decide jogar tudo que já escrevera fora, para escrever uma nova história.
Já com os cabelos cortados e a cara toda amassada, olha no espelho. Vê-se decidida a acabar com tudo aquilo. Vê uma nova Natacha aparecendo através da maquiagem borrada. Vê-se descobrindo de novo.
Agora já não é mais a mesma. Ou melhor, é a mesma garotinha, mas com uma nova faceta.