25 de março de 2010

BFF s2


Ela vivia sozinha. Sem nenhum amigo. Sem ninguém pra poder abraçar e desabafar. Melissa não vivia dessa maneira por opção, mas por não ter ainda descoberto a amizade verdadeira; porque ainda não descobrira o amor de amigo.
Na escola, ela até tinha com quem conversar sobre a matéria ou sobre as tarefas. Mas não tinha alguém, a quem poderia confiar um segredo, ou sequer contar o que havia acontecido na noite passada.
Mel era uma menina feliz, mas no momento não se encontrava. Passava por dificuldades em casa. Seus pais estavam pra se separar. Sentia vontade de chorar, mas não tinha sequer um ombro pra se apoiar. Então, viu-se obrigada a ser forte e guardar suas angústias pra si mesma.
Em certo domingo, Melissa foi à missa, pedir a Deus que lhe tirasse daquela situação ou que pelo menos lhe mandasse forças pra suportar.
Passaram-se duas semanas, e nada de mudança. Melissa pensou até que Deus não a amava mais.

Era quarta-feira. Mel tinha ido ao colégio. No intervalo entre as aulas, ela costumava se sentar sozinha em um canto do pátio. Até o momento, tudo se passava como sempre. Seus colegas de sala sentavam-se juntos para jogar conversa fora, e ela ficava ali. Só, muda, exposta ao sol. Quando ela avista um garoto, alto, moreno, bonito, se aproximando. Ela tenta disfarçar, mas estava chocada por ver alguém se aproximando dela. Também, todos já a conheciam como a solitária; a sem amigos.
Guilherme aproximou-se de Melissa e lhe perguntou o que ela fazia ali sozinha. Ela não quis lhe contar que não tinha ninguém, que não sentia verdadeira amizade por ninguém, por isso não se aproximava, então lhe disse que estava ali para resfriar a cabeça, pra pensar um pouco na vida.
Em seguida, ele perguntou se podia sentar-se ao seu lado. Ela respondeu-lhe que sim.
No começo ela ficara um tanto que incomoda, mas depois gostou da idéia de ter alguém ali com ela. Não deu tempo nem de trocarem uma palavra, e o sino tocou. Foram então para suas respectivas salas de aula.
No dia seguinte, para o estranhamento de Melissa, Guilherme voltara a sentar-se ali com ela. Mas desta vez conversaram. Conheceram-se um pouco.
Assim foram todos os intervalos, durante semanas. Mas neste ponto, já eram amigos. Um já compreendia o outro num só olhar.
O pessoal do colégio começou então a debochar, principalmente os amigos do Guilherme. Diziam-lhe que ele estava apaixonadinho pela "garota solitária". E sempre ignorava, porque sabia que entre os dois não existia nada a mais do que uma amizade pura e sincera.
A relação dos dois era de extrema confiança. Um era o apoio do outro. E nem Melissa e nem Guilherme sentiam algo a mais. Era apenas uma linda amizade. De abraços apertados, beijos no rosto, de muito carinho e principalmente, de muito respeito.

Já era final de ano. Ano de vestibular para os dois. Ao final das provas receberam a feliz notícia. Passaram no vestibular. Mas tinha um, porém. Mel teria que estudar longe de seu melhor amigo, que carinhosamente chamava de Gui.
Depois de uma longa discussão, decidiram que cada um seguiria seu caminho, mas sempre mandariam notícias um para outro e prometeram um ao outro, que nunca se esqueceriam.

[...]
Hoje, Melissa vive quilômetros e quilômetros longe de Guilherme. Mas sempre dão um jeitinho de se verem. Conversam no celular. E sabem tudo o que acontece na vida um do outro.

Mel não poderia ter esquecido o Gui. Afinal, foi ele quem a ajudou a descobrir o que realmente era amizade!